Vinhas do desejo [*]
Vens de alegres e claras manhãs,
a trazer com teus olhos de auroras,
deidades do amor e da poesia.
Teus pés pisarão mansas videiras,
e as idades generosas das castas.
Como raízes em campos de trigo,
descansarás ao sol das ramagens,
e a hortelã perfumará tua boca,
e a alfazema te lavará os cabelos.
Eu te escreverei à noite um poema,
depois de uma orgia com teu corpo
que cresce e se alarga no verão,
como as árvores no Campo de Marte.
Dormirei contigo esta noite;
beberemos vinho e comeremos
ao tempero do endro e do cominho;
mas por favor, não me tires o juízo,
a misericórdia e a fé!...
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[*] Fernando Braga, in “Poemas do tempo comum”, 2009, prêmio literário “Gonçalves Dias”, outorgado pela Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão.
Fernando Braga (dos Santos), nasceu em São Luis do Maanhão em 29 de maio de 1944. É formado pela Faculdade de Direito do Dstrito Feedral, com pós-graduação em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB), e estágio em Direito Penal Comparado pela Universidade de Paris-Sorbonne. Publicou em poesia: Silêncio Branco, 1967; Chegança, 1970; Ofício do Medo, 1977; Planaltitude, 1978; O Exílio do Viandante, 1982; Campo Memória, 1990; O Sétimo Dia 1997 e Poemas do tempo comum, 2009.